Repudiamos um novo massacre do Estado sionista de Israel

3 de Março, 2024

Em Gaza, uma multidão reunida para receber ajuda humanitária é atingida por tiros. Mais de uma centena de pessoas foram mortas e mais de 800 ficaram feridas.

O Estado sionista de Israel, de mãos dadas com o seu governo de ultra-direita e o seu exército assassino, cometeu um novo massacre. Poderíamos dizer que se trata de mais um, no quadro dos massacres sistemáticos que têm vindo a perpetrar desde a invasão da Faixa de Gaza em outubro passado. Mas não nos devemos habituar a isso. Não podemos normalizar mais um ato deste genocídio. Isto está a acontecer no mesmo dia em que o número de mortos (leia-se assassinados) em Gaza ultrapassou as 30.000 pessoas, podendo ser muito mais.

Neste caso, o exército sionista disparou contra uma multidão de habitantes de Gaza que simplesmente se amontoavam em desespero em frente a um local de distribuição de alimentos na rua Al Rashid, no sudeste da cidade de Gaza, no contexto da fome deliberadamente provocada por Israel na Faixa de Gaza. Um comboio de 32 camiões de ajuda humanitária tinha chegado ao local e a multidão esfomeada aproximou-se para tentar receber algum. As tropas sionistas aproveitaram a ocasião para disparar contra eles: para além dos mortos e feridos, houve sem dúvida mortos e feridos na debandada, vários deles esmagados pelos próprios camiões do comboio. Israel aproveitou esta situação para tentar mascarar o massacre como uma “debandada”, mas os factos são claros: milhares de vítimas no hospital de Shifa com ferimentos provocados por estilhaços, balas e munições. Mais de uma centena de mortos e mais de 800 feridos.

Cinicamente, o governo sionista fala de um “incidente” e argumenta que as mortes ocorreram “numa avalanche”, ao mesmo tempo que, contraditoriamente, admite que “abriu fogo contra um pequeno grupo considerado uma ameaça”. O próprio comunicado israelita termina reconhecendo duas coisas: em primeiro lugar, o estado de fome e de catástrofe a que a invasão submeteu o povo palestiniano em Gaza (2,2 a 2,4 milhões de pessoas nestas condições, segundo dados da ONU). E, em segundo lugar, que sim, de facto, o exército sionista disparou sobre uma simples fila de pessoas à espera de comida.

Este massacre vem juntar-se aos que o Estado sionista e o seu governo de ocupação têm vindo a perpetrar sistematicamente, todos os dias. Se havia alguma dúvida de que estamos perante um verdadeiro regime de apartheid contra o povo palestiniano, semelhante ao que existiu durante décadas na África do Sul, agora o governo sionista leva a cabo dentro desse regime, e até o diz abertamente pela boca de vários dos seus ministros e do próprio Netanyahu, um “esvaziamento” da Faixa de Gaza. Mais concretamente, trata-se de destruir o que até agora tem sido um verdadeiro gueto a céu aberto. Dramaticamente semelhante ao que os nazis fizeram quando liquidaram o Gueto de Varsóvia, em abril de 1943.

Perante este verdadeiro genocídio e limpeza étnica, multiplicam-se as condenações a nível mundial. Desde os protestos tépidos dos governos imperialistas europeus, aos protestos mais enfáticos de outros como o Brasil, ou a promoção da condenação perante o Tribunal Internacional de Justiça de Haia pela África do Sul. No caso deste massacre em particular, o próprio Conselho de Segurança da ONU foi obrigado a tratar do caso, numa reunião exigida por 14 dos seus 15 membros, onde mais uma vez, como sempre, o simples texto de condenação foi vetado pelo governo dos EUA.

Evidentemente que isto não é suficiente. E nada podemos esperar de governos e organizações que, com maior ou menor dissimulação, continuam a apoiar o Estado de Israel na sua política histórica de apartheid contra o povo palestiniano. O que está a crescer, e a multiplicar-se, é o repúdio dos povos do mundo. Com manifestações de massa nas principais cidades do mundo, nos cinco continentes. Um acontecimento de enorme impacto, há poucos dias, foi a imolação, à porta da embaixada de Israel em Washington, do soldado americano Aaron Bushnell, aos gritos de “não serei mais cúmplice de um genocídio”.

A partir da Unidade Internacional dos Trabalhadores Quarta Internacional (UIT-CI) repudiamos este novo massacre, sinal do genocídio perpetrado pelo sionismo. E apelamos a que se redobrem as manifestações de apoio e solidariedade com a resistência palestiniana. Exigimos que todos os governos rompam relações com Israel. Continuemos a ser milhares nas ruas de todo o mundo a repudiar a ocupação e o massacre sionista e a apoiar a heróica resistência do povo palestiniano!

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